quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Deixa


Deixa eu chegar perto e dizer no seu ouvido que eu me arrepio só de pensar em te encontrar. Que meu corpo treme inteiro toda vez que estou perto de você e que meu coração ameaça fugir do meu corpo quando você me abraça. E eu sinto que ele é realmente capaz de cumprir a ameaça quando bate tão forte que eu tenho medo que você o sinta forte demais. Que desde o dia em que você roubou meu coração, eu ando olhando para os lados procurando você em cada esquina, sentindo você em cada abraço, e te vendo em cada sonho.

Deixa eu te abraçar mais forte para que você sinta meu coração pulsar dizendo que é você quem eu quero pra mim e que eu não quero nunca, nunca, que você se vá.
Para que experimente a sensação de ter alguém entre os seus braços, que se encaixa perfeitamente no seu corpo e deseja estar ali para sempre. Quando sentir, abrace mais forte e perceba seu coração bater ainda mais rápido.

Deixa eu pegar na sua mão e colocar meus dedos entre os seus para que entenda o quanto somos perfeitos um para o outro. Para que você nunca mais fique longe de mim e para que sinta que eu posso estar com você sempre, em qualquer lugar, sob qualquer circunstância, se as nossas mãos estiverem entrelaçadas como na primeira vez.

Deixa eu te beijar para te dar a certeza que eu já tenho. A certeza de que a minha boca na sua é tudo que nós precisamos agora, e tudo que vamos precisar daqui pra frente pra sermos felizes juntos. A certeza de que nossos gostos se completam e que sempre que você precisar, ou quiser, meus lábios vão encontrar os seus não importa onde estejam. Deixa eu te beijar e fazer parte de você por um momento; um momento que é só nosso, que nem nossos olhos fechados impedirão de ver.
Deixa eu te amar e te provar que você pode me amar também.


"The day after you stole my heart
everything I touched told me it'd be better shared with you"


The Fire and The Thud
Arctic Monkeys

sábado, 16 de outubro de 2010

Eu só quero é ser feliz


18 anos.

18 anos de incerteza, medo e arrependimento.

Fui feliz – e sou, muito – mas esses momentos às vezes se perdem no meio de tantas lembranças do que “foi e não deveria ter sido” e do que “deveria ter sido, mas não foi”.

Meu problema é pensar demais, ter medo demais, esperar demais de coisas pequenas. Carpe diem não entra, de jeito nenhum, pra lista das minhas filosofias de vida.

Eu estou aqui hoje, mas pensando no amanhã. E na iminência de uma decisão “importante”, essa preocupação exagerada com o futuro é o que me impede de arriscar. Às vezes nem é algo muito sério, mas de imediato, eu projeto todas as conseqüências disso no futuro: como vai ser? Como a gente vai ficar? Será que eu consigo? Será que eu vou me magoar? Vou acabar magoando?

Futuro esse, que eu nem sei se vai existir; mas mesmo assim, tudo vem à minha cabeça sem que eu tenha controle. Aliado à isso, o meu pessimismo.

Eu nunca penso em mim feliz, de bem com a vida de vento em popa, feliz pra burro, de bem com o mundo. Eu sempre tenho CERTEZA de que vai dar tudo errado no final, que eu vou me machucar ou acabar partindo uns corações.

Eu sou muito errada. Gostaria de ser igual à maioria das pessoas mínimamentes normais que fazem planos de ser feliz junto da pessoa que gosta, que espera que dê tudo certo, que dá tudo de si em cada relação sem medo de onde isso vá chegar.

Ok, essas pessoas devem sofrer muito também porque, ao contrário de mim, não pensam nas conseqüências e vão correndo no escuro pra um lugar que elas nem sabem qual é. E tropeçam, e caem, e se machucam.

Mas então, eaí? Eaí mano? Eaí? Não, e aí mano?

Eu acho que ser um extremo ou outro não dá certo. É preciso equilíbrio, como em tudo na vida.

Eu vou tentar buscar esse equilíbrio.

Mas, como sempre, apesar de conhecer a raiz do meu problema, eu ainda não consigo mudar. Por medo. Medo de errar mais do que medo de tentar. Eu ainda preciso aprender que todo mundo erra, e que de eu um jeito ou outro, alguém sempre sai machucado na história toda. Eu sei. Só não consigo aceitar isso muito bem.

Eu tento agir da melhor maneira justamente para evitar esse final clichê e, então, evito colocar um coração em risco e acabo ficando com o meu imerso em arrependimento.

Nunca deu certo. Ter medo nunca deu certo, nunca me levou a lugar nenhum, nunca me fez feliz. Então talvez seja hora de perdê-lo. Ou tentar.

Mas medo não é algo que se perde de uma hora pra outra. Espero que a minha vontade de ser feliz me ajude nessa batalha contra a incerteza.

Porque a única certeza que eu tenho hoje é: eu quero ser feliz.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crossfire

Crossfire - Brandon Flowers

And we're caught up in the crossfire
Heaven and hell
And we're searching for shelter

Lay your body down...
Lay your body down...

Tell the devil that he can go back from where he came
His fire he airs all through their beating vein.
And when the hardest part is over we'll be here
And our dreams will break the boundaries of our fears

domingo, 12 de setembro de 2010

Coma


Eu sou uma mentirosa. Sou mesmo. Compulsiva.
Não dessas que mente por qualquer coisa ou para qualquer pessoa.
Me incluo na pior categoria de mentirosos: os que mentem para si mesmos. O tempo todo.

Sempre querendo tentar se convencer de algum sentimento, sempre prometendo fazer algo que tem certeza de que sequer chegará perto de ser feito, sempre tentando - sem sucesso - negar ser o que realmente se é.

Eu tendo a odiar personagens em filmes que sejam muito quadrados, sem graça. Aqueles que empatam a vida do protagonista dizendo o que ele deve ou não fazer. Aqueles sem sal, apáticos, apagados, coadjuvantes.
Bem, talvez seja porque eles realmente são chatos. Talvez porque eu seja exatamente igual a eles. Talvez as duas coisas.
A gente prefere negar essas características, mas no fundo - às vezes, nem no fundo, mas escancaradas mesmo - elas estão lá e não há disfarce que as faça sumir.

É uma tentação escrever "teimosa", "cabeça-dura", "perseverante", "corro atrás dos meus sonhos", "personalidade forte" em qualquer tipo de auto-descrição, mas, PORRA NENHUMA! Eu nem sei o que quer dizer isso de "personalidade forte", e o fato de eu não fazer ideia do que seja denuncia imediatamente que eu não tenho uma.
Eu sou preguiçosa, conformada, apática, desmotivada e com um sério problema de auto-confiança.
É essa a verdade. Mas numa entrevista de emprego, se eu começar com "preguiçosa", não preciso nem continuar a lista.
É mentira atrás de mentira pra tentar convencer a mim mesma e aos outros de que eu sou alguém que, na verdade, eu estou bem longe de ser.

O que vem me atormentando há uns dias é que eu acho que eu seja "motivada", "batalhadora", "perseverante"... mas, por dentro.
Não sei se consigo explicar, mas, os sentimentos e as vontades estão todas aqui. Elas só... não saem.
É como se existisse um outro "eu" aprisionado no meu corpo. Meu "eu" grita desesperadamente tentando sair, tentando fazer com que eu me mexa mas o corpo simplesmente não responde.
Deve ser algo parecido com um coma. Inconsciente, mas não morta, eu tenho ciência de tudo à minha volta mas meus olhos não abrem e o corpo permanece imóvel.
Está tudo aqui. Todos os planos, sonhos, desejos, pensamentos. Tudo. Tudo concentrado num "eu" radiante e... forte.
Tudo preso num corpo estático.

Parece que a dualidade é a minha sina.
Minha personalidade se divide em duas, completamente opostas e teoricamente incompatíveis, mas incrivelmente elas habitam esse mesmo corpo.
Dentro de mim existe uma Ellen Page.
Uma menina meio esquisita que vê mais beleza num cérebro mais desenvolvido do que num amontoado de músculos, que adora rock e canta no chuveiro. Que ama assistir Tarantino, Kubrick, Al Pacino sendo sensacionais. Que adora super-heróis e se encanta cada vez mais com histórias em quadrinhos.
Uma menina que ainda sonha em encontrar um amor de verdade e alguém que lhe diga coisas doces, escreva poesias, compartilhe os mesmos gostos e os mesmos sonhos.
Por fora, tudo o que se vê é uma... Ke$ha (?)
Que vai pra balada todo final de semana, de vestido curto e salto 15. Que fala palavrão a cada frase, enche a cara e beija uma boca desconhecida por noite só porque teve vontade. Que volta pra casa às 6h da manhã, toda desmontada e passa o domingo inteiro de ressaca tentando disfarçar. Que tem mais amigos que amigas, que só se relaciona com garotos que só se importam com o que tem debaixo do seu vestido e não saberiam responder quem é Tony Montana.

É.
Essa sou eu, prazer.
Não que eu seja falsa ou hipócrita, eu só não tenho controle sobre quem eu sou.
Eu sou as duas.
Seria muita cara de pau dizer que não gosto da vida que eu levo. Pelo contrário, eu adoro. Mas é estranho pensar que aqui dentro existe outra, que não faria nada disso, que não concorda com nada disso.
Talvez essas duas possam conviver pacificamente.
Talvez não.
Como encontrar o príncipe nerd que escreve poesias numa balada?
Como namorar um príncipe nerd que escreve poesias querendo sair pra balada?
Às vezes, uma anula a outra, e tudo fica mais confuso.
Eu não sei o que fazer. Não sei realmente quem eu sou, ou 'quem' é melhor pra mim.

O pior, é que as duas, juntas, estão condenadas à impotência e apatia de que eu falava no começo desse desabafo.
Preguiçosas e acomodadas, as duas estão aqui comigo às 4h da manhã escrevendo sobre essa crise existencial que nos aflige e sobre como nós somos fracassados por não termos nem o mínimo de força de vontade.
Exatamente agora, milhões de outras coisas poderiam - e deveriam - estar sendo feitas, mas eu invisto todo o meu tempo em escrever sobre como eu não faço as coisas que eu deveria estar fazendo enquanto escrevo sobre as coisas que CHEGA.

Enfim, isso fugiu completamente do propósito inicial, mas fica a dica: eu posso ser uma derrotada, toda errada, complicada e etc.. mas o que me salva de ser uma COMPLETA IDIOTA é que: EU SEI DISSO.
Eu reconheço o meu fracasso, os meus defeitos, os meus problemas. Não sei resolver, mas sei que tá errado e isso já é um começo. Eu acho.
Sei lá.
Não sei.
É, não sei. Surpreenderia se soubesse.