sábado, 11 de julho de 2009

Amigo Invisível

É incrível como a amizade por unir as pessoas.

É incrível como nós conseguimos amar alguém que nunca vimos, nem tocamos, nem sabemos exatamente como é.
Alguém que a gente nunca passou o dia junto, nem se deliciou com as risadas, nem olhou bem no fundo dos olhos. Um alguém invisivel, mas que a gente ama tanto... é estranho.
Estranho, mas não impossivel.
A única coisa que precisamos para amar alguém, é confiar nela, e se sentir bem falando com ela, e esquecer de todos os seus problemas quando estão "juntos".
Amizade é isso.
É pensar nele logo que alguma coisa acontece, porque você precisa contar. É perceber o quanto vocês são parecidos no que fazem, pensam e sonham. É passar por um dos momentos mais difíceis da sua vida e ele tentar te consolar com frases feitas no Google, fazendo você esquecer o choro e cair na gargalhada. É ter uma sintonia tão grande, à ponto das outras pessoas acharem que vocês são um casal. É manter uma conversa no msn que não tem nada além de risadas, e risadas verdadeiras. É dar os puxões de orelha quando necessários. É falar besteiras quase sempre. É dar conselhos mau intencionados. É dissertar sobre como o amor é desnecessário. (Hahaha, não é desnecessário. Nós precisamos dele, é ele que nos mantém juntos, apesar da distância.) É ter medo de perder, e ser esquecida. É ter saudade por passar, sei lá, dois dias sem se falar.
Isso é amizade. Amar, sem ver, sem sentir.

Eu te amo, e nem pense em me esquecer.
Porque eu tenho certeza, que os nossos destinos ainda vão se cruzar, ainda tem muita coisa para acontecer. E sempre, sempre que voce precisar, seja em Sorocaba ou Fountaintown, eu vou estar sempre aqui, disposta a te fazer rir, te aconselhar, ou só ouvir as loucuras que voce tem pra dizer.

Tuts e Tits (L)
sempre ;*

PS; eu nem preciso contar aqui os detalhes de toda essa história, voce sabe.
te amo, demoruutz (L)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ensaio Sobre A Cegueira

O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para o outro enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assustadora. Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida cotidiana começa a desaparecer. Dentro do hospital isolado, no entanto, há uma testemunha ocular secreta: uma mulher que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao lado de seu amado marido. Armada com uma coragem cada vez maior, ela será a líder de uma improvisada família de sete pessoas que sai em uma jornada, atravessando o horror e o amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada, onde eles buscam uma esperança.



É um filme chocante. Não pelas cenas "nojentas", mas pela força que elas têm e o significado que elas carregam. Com certeza, é um filme pra quem tem estômago.

A partir do momento que aquelas pessoas entram em quarentena, deixam de ser humanas e passam a viver como animais, mantendo uma vida vazia procurando apenas lutar para suprir os seus instintos básicos. Sem higiene alguma, matando por comida, praticando um sexo quase que selvagem, apenas por instinto, matando para tentar sobreviver na selva.

Outra coisa que me chamou atenção, é o fato das personagens não terem nomes, universalizando a história de cada um. Eles podem ser qualquer pessoa, não limitados a um ser único. Você pode se imaginar na pele de qualquer um naquela situação.

Mas nada me deixou mais chocada do que a animalização do ser humano. O fato do filme ter sido baseado num livro me obrigou a relacionar tudo que eu via com Literatura. E apesar do Saramago ser Moderno, o livro, pra mim, tem claras influências Naturalistas - a transformação dos seres humanos em animais, a afloração dos sentidos primitivos.

Assistindo ao filme, dá até um desprezo pela raça humana. O ponto em que alguém pode chegar, se rebaixar tanto, rastejar no chão por comida, verdadeiros bichos, algo que ninguém nunca espera ver na vida. Nada menos que chocante.

Julianne Moore estava espetacular. Passou toda a emoção que as cenas exigiam, foi brilhante na atuação e no papel a que foi designada. A líder do bando, protetora, a única vidente.

A função dessa personagem no filme é fundamental. Pra mim, é pra mostrar como o ser humano é dependente do outro. Aquelas pessoas precisavam dela para absolutamente tudo. "Eu não consigo mais te imaginar como minha esposa. Voce me dá banho, me alimenta e até limpa a minha bunda"

Além disso, a força que ela demonstra com o desenrolar da trama é impressionante. Na sua primeira cena, ela se mostra uma mulher delicada, que vive de fazer janta para o marido e ouvir os casos dele no trabalho. Quando é exposta à toda aquela situação, ela se torna a líder do grupo, a referência de todos e chega até a matar por isso. Aí o exemplo de que o homem é fruto do meio: vivendo naquele ambiente, ela em alguns momentos se igualava à eles.


Ok.

Tenho que falar do Gael agora.

Ele não aparece muito. Mas é muito importante pra trama. É o líder do mal, o cara que toca o terror dentro do hospício. O vilão, mas o mais cômico também (eu ri umas tres vezes, mas se for contar com o contexto do filme, rir meia vez já é bastante, imagina três). Ele, apesar de nao ser muito óbvio, me parecia ser o humano retratado. Enquanto todos viviam como animais, ele não se desprendeu da sua vida bandida: ainda carregava uma arma, e queria roubar o que as pessoas nem tinham, além de trocar comida por mulheres. Ele explorava o desespero daquelas pessoas, uma faceta bem humana.
Brilhante, Gaelzinho, como sempre *-*
(eu tento ser imparcial mas nao consigo haahha)



Ah, Fernando Meirelles.
Mesmo diretor de Cidade de Deus, e, Som&Fúria agora. Sensacional.




Enfim, recomendo, pra quem tem estômago.



#Soundtrack: Free - Cat Power