sábado, 6 de março de 2010

Refúgio


E de repente, nada mais faz sentido. Nada se encaixa como antes. Nenhum chão dá segurança pra te manter de pé. Nenhum caminho parece certo. Nenhum sonho vale a pena. Nenhuma certeza é absoluta.

Tudo o que eu acreditava, aquilo que eu poderia pôr a mão no fogo, desaba, e me deixa sem saber como agir.
Me apoiei em falsas ilusões? Estive sempre no caminho errado? Sonhei mais alto do que poderia?
Não sei. Definitivamente não sei.
Minha vida está sem rumo, sem movimento, sem mudança. Eu achava que era protagonista, mas sou na verdade, espectadora. Tenho assistido a minha vida passar. Tenho visto pessoas passarem por ela. Tenho visto todo o resto do mundo indo pra frente, e eu...ficando.
Tenho tentado me apoiar em frases de efeito, do tipo "o mundo dá voltas" ou "a sua hora vai chegar", mas é sempre tão difícil.
É difícil querer chegar a um lugar que você não sabe onde é. Tenho tentado me apoiar em realidades paralelas. Teatro, filme, livro, poesia. Tudo mentira. Mas pelas, vá lá, duas horas de fantasia, eu esqueço de mim. E isso tem me feito bem. Afinal, é natural dos derrotados fugir dos problemas. Se esconder de si mesmo, em vão.
Em vão, porque nascer "eu", quer dizer morrer "eu", e ter que carregar esse fardo pra sempre. Enquanto isso eu sigo me enganando. Sigo fantasiando. Seja no fantástico mundo de Manoel Carlos, ou na viagem psicológica de Machado de Assis. Fugindo de mim, eu busco refúgio na arte. E assim vai ser, até que eu reassuma o meu papel nessa história, e brilhe como estrela maior dessa tragédia que é a minha vida.

1 comentários:

Marcelo disse...

Quando precisar de algum amigo pra fazer essa "tragédia que é a sua vida" ficar mais animada, ou até mesmo desabafar, eu estou aqui, como sempre estive.

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